A vida faz poesia!
Figurino é coisa linda, ferramenta que retroalimenta a personagem, potencializa sua expressão.
Quando fomos convidadas para criar o figurino da coreografia do Cristian Duarte a gente penetrou o universo que ele já vinha construindo desde a montagem de Biomashup de 10 anos atrás.
Pra essa nova montagem, junto ao corpo artístico do Balé da Cidade, o projeto foi se transformando, nasceu BIOGLOMERATA, aglutinação de gestos, memórias, vestígios.
Acessamos o acervo de figurino do Theatro Municipal, tanto o das óperas quanto o do balé e buscamos nas modelagens e tecidos a criação de algumas peças para essa nova montagem.
Cortina que virou calça, outra cortina que virou camisa, vestido que virou shorts, casaco do acervo da ópera que virou colete, outro casaco da ópera que foi pra dança, modelagem de calça que virou outra calça, modelagem de blusa que virou outra blusa, um fantasmando o outro, como no corpo.
A roupa é algo de muitas mãos, de quem planta a fibra, cultiva a terra, colhe, fia, tinge, tece, transporta, desenha, corta, costura, uma arte coletiva. No Theatro Municipal há uma oficina de costura, com uma equipe que constrói as peças do balé e das óperas, foi com essa galera que trabalhamos, junto à direção do Cris, foi uma honra!
A gente agradece todo mundo pelo percurso!
@crisduarte_ @alinebonamin @feaugustocosta @netto_silva @alejandroahmed @fernandabbueno @baledacidadesp @theatromunicipal @bruno_bers @valentcrepaldi @________abeanunes @silbito @leomagamuniz @leonardo.silveira_ @greciacatarina @marcel.anselme @renatabardazzi @re.de.renee @luizoliveirad @fabiopinheirofotoedanca @cleber_fantinatti @marinagiunti @marisabucoff @carol_marty @carolinafranco @monteiro_tomas @luquilagomarsino @flavialobodefelicio @andreaguerra.a @carolinacherubini_ @odetecadilaque
foto: @serpenttttte
foto: @serpenttttte
foto: @rafael_salvador
foto: @rafael_salvador
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foto: @rafael_salvador
Ateliê aberto de introdução e experimentação do universo têxtil com encontros semanais que abordam processos criativos e exercícios práticos de desenho, tecelagem, bordado, estamparia, mola, renda, colagem e manipulação têxtil.
Repertório das mãos é uma ação coordenada pelo Núcleo de Educação do Theatro Municipal.
Ateliê Vivo – Andrea Arradi Guerra, Ana Carolina Cherubini, Flávia Lobo de Felício e Gabriela Cherubini
Núcleo de Educação do Theatro Municipal – Adriane Bertini, Ana Lúcia Lopes, Clarice S Dias, Dayana Cunha.
Captação e edição – Caio Castor
Nós do Atelie Vivo, junto ao educativo do Theatro Municipal de São Paulo inauguramos esse ano esse preciso espaço de tempo, O Repertório das Mãos. Em formato de ateliê aberto de práticas manuais têxteis como bordado, estamparia, colagem têxtil e tecelagem, recebemos quase 200 pessoas para criar, experimentar, encontrar e cultivar as relações que os espaços públicos da cidade podem trazer.
Foram dois ciclos, um no primeiro semestre, que culminou em
uma exposição e outro no segundo semestre que já anuncia as portas abertas para o ano que vem.
Juntxs podemos cuidar de nós, interpretar e criar outros mundos.
Ano que vem tem mais! Até já!
@odetecadilaque @flavialobodefelicio @carolinacherubini_ @andreaguerra.a @alucialopes @adriane_bertini @theatromunicipal @pracadasartes
Vídeo @caiocastor.com.br
Música @charlestixieroficial
Sobre os gestos
Uma faca na mão, uma cebola, a gente corta com a faca a cebola. Põe na panela e mexe. A mão segura a cebola, segura a faca, corta, mexe.
A gente segura um copo, enche com água, bebe. A mão segura, carrega, vira.
A gente pega a linha, corta, coloca na agulha, dá um nó e começa a costurar. A mão segura, corta, desenha, costura.
São gestos comuns, cotidianos, manuais, ancestrais. Quantos gestos nosso dna carrega? onde fica essa memória?
Segurando na mão essa tecnologia secular, a agulha, a tesoura, o tecido, pisando no pedal da máquina de costura, continuamos criando e carregando para as próximas gerações o sentido desse fazer manual.
Esse vídeo foi feito em Cali, na Colômbia, com a participação de pessoas maravilhosas que conhecemos na residência que participamos no @lugaradudas e @laescuela.art
Saudades de Cali.
Painel de olhos que olham para os olhos que os olham
Caminhamos em grupo para descobrir maneiras de existir,
Caminhamos em grupo para descobrir
processos criativos mutáveis,
Caminhamos em grupo estando disponíveis a ser outras.
Como artistas temos o desejo da comunicação, da transformação, reflexão e provocação, inerentes ao fazer artístico. Lutamos todos os dias, a partir dos gestos do fazer manual, para que juntas possamos nos sentir mais potentes, transversais, autônomas, coletivas.
Como parte da residência do @lugaradudas e @laescuela.art , vivenciamos a cidade de Cali, caminhamos sobre suas ruas escutando, observando e sentindo suas histórias, salsas, a brisa do mar, buzinas, o ar úmido, o rio.
Sete rios desembocam na cidade, rios que trazem a dimensão da entidade viva que é a natureza, a terra, a montanha e a árvore. Rios que passam e vão desenhando sua direção, encontrando pedras e redesenhando seu percurso, em constante transformação.
Juntas vamos criando paisagens e nos relacionando com outros territórios. Território terra- ar- vegetal- animal- humano. Somos todos um pouco esse bicho-planta-gente-cidade.
Nos rios e nas pedras somos outros corpos, sentindo outros ventos, outros ares para respirar outros olhares.
Como são seus olhos? Quais são os olhos que te olham? Quem você vê? O que você
vê? Onde você busca o que você vê ? Quem você olha? Quais rios desaguam dos seus olhos?
Olhos que choram
Olhos que brilham
Olhos que buscam
Olhos vazios
Olhos lágrimas
Olhos cores
Desse olhar e dessa matéria poética que é a vida ao se relacionar em outras perspectivas, construímos um outdoor feito com gestos, alinhavos, linhas, tempo, trocas e oito mãos.
@andreaguerra.arradi
@carolinacherubini_
@flavialobodefelicio
@odetecadilaque
O inimaginável e outros cotidianos possíveis.
Cali, Colômbia. Estamos aqui a convite do @lugaradudas e da @laescuela.art para realizarmos a experiência de uma residência artística durante algumas semanas. Saímos em caminhada para conhecer a cidade e entre montanhas, encontramos o rio. Um rio vivo de uma cidade culturalmente ativa e com fluxo de vida. Pra gente de São Paulo, um rio assim é quase uma miragem, sonho, desejo. Um rio que se move, que desce das montanhas de Farallones do Vale do Cauca e chega aqui, em Santiago de Cali, possibilitando a ideia de cidade habitável, contra a ideia de terriricidio que estamos vivendo. Um mundo mais possível começaria pela divisão de terra, água, pertencimento, multiplicidade de eus. A luta dos povos originários da América Latina reflete e aponta essa possibilidade.
Entre miragens e realidades, sentamos nas pedras, com o corpo na água, os pés, a cabeça um pouco mais leve. A água desenhando na própria água seu fluxo, o brilho da sua pele. Vendo a água de perto, a vida parece até fácil, delicadeza. E, não é?
Como existir em uma cidade onde a natureza parece um objeto externo ao próprio sentido de existência?
Tivemos a oportunidade de estarmos na casa da residência do Lugar a Dudas e nela intervir. Uma casa linda, com planta, ar, vento, chuva, memórias, ideias. Criamos um desenho pra piscina da casa, um desenho sobre a água, buscamos pedras no rio. A água que enche a piscina é a água do rio. @flavialobodefelicio @odetecadilaque @carolinacherubini_ @andreaguerra.arradi
Para fazer uma roupa deitamos o tecido, a modelagem vai por cima e riscamos seu contorno com o giz.
Ao cortar este desenho do molde no tecido, produzimos duas formas que se complementam : uma delas que foi projetada e após ser costurada gera a roupa e o negativo desta que, em geral, é descartada.
Esse desenho espontâneo da sobra, sem interesse, com seus picotes, manchas, ourelas, nós aqui no Ateliê Vivo, resolvemos chamar de ANTI MOLDE. Ele é a coisa em si, o mistério, o outro, a outra, outres, não é representação, é um corpo não corpo, uma forma da não forma.
O ANTI MOLDE é a valorização destes volumes de tecidos acumulados, que se transformam de eliminação para matéria principal de criação. Uma ideia interessante de um sistema que nos diz para extrair, descartar e extrair novamente.
É esta matéria que enxergamos novas e belas formas, que unidas vão gerando composições, tecidos e trabalhos que possuem memórias e gestos de tantas mãos que passaram por esses tecidos.
É uma ação de recriar a partir da reutilização enaltecendo a ausência de padrões e o poder que o material nos dá.
O que a agente escolhe pra contar quando contamos sobre nossa trajetória?
EM 2023 fomos convidadas pelo Museu da Pessoa a interpretar a história e memória de 12 artistas que tiveram suas vidas influenciadas pelo universo têxtil. Criamos 12 painéis têxteis, cada um guiado e transpondo a subjetividade da caminhada de cada uma dessas pessoas. Pra base dos painéis juntamos modelagens e criamos esses trans-corpos, o corpo de muitos corpos e a partir daí, cada painel foi sendo desenvolvido manualmente, com diferentes técnicas – bordado, mosaico têxtil, estamparia, manipulação de tecido, muita delicadeza e camadas, tal qual a vida é. A exposição está no metrô das Clínicas, no corredor que sai para o hospital e a gente fica agradecida e muito feliz de estar em um espaço com tanta gente circulando, podendo acessar minutos de beleza.
vídeo: Museu da Pessoa
Ateliê Vivo por Ana Carolina Cherubini, Andrea Guerra, Flávia Lobo de Felício e Gabriela Cherubini.
Direção, captação e edição do vídeo por Igor Pimentel e Dani Neves.
Produção Rachel Amoroso para SESC Carmo